terça-feira, 11 de maio de 2010

Drogas: Preocupação real ou promessa de campanha?



Achei muito interessante a propaganda da pré-candidata à Presidência da República mostrando-se solidária aos usuários de crack. É, também, interessante questioná-la sobre a razão pela qual durante os seus anos de Ministra nunca ter movido nada que pudesse contribuir na ajuda e no tratamento e reinserção social destes seres humanos adoecidos pela suas dependências químicas através do uso de crack. Questioná-la sobre qual o orçamento da união para prevenção ao uso de drogas? Qual a efetividade das atuais políticas públicas uma vez que problema é crescente; ou o tema se tornou interessante por ser véspera de eleições? Questioná-la, também, se entre suas propostas e promessas de campanha existe um programa eficaz para combater o tráfico e, mais importante de tudo, ajudar os dependentes químicos? Ou se ela pretende somente passar a mão em suas cabeças, colocando uma venda para o problema sem apresentar soluções concretas.

Em 2004 participei do Fórum Nacional de Políticas sobre Drogas em Brasília/DF. Na abertura do evento me chamou a atenção a mesa de autoridades: esta era composta pelo Presidente da República e sua esposa, o Vice-Presidente, os Ministros da Saúde, Justiça, Forças Armadas e o Secretário Nacional Antidrogas. Dentre todos os presentes, somente o Ministro das Forças Armadas, o General Jorge Felix,  fez um breve pronunciamento burocrático como Presidente do Conselho Nacional Antidrogas. As demais autoridades presentes entraram MUDAS e SAIRAM CALADAS.

É dessa forma que têm sido tratadas as políticas públicas sobre o tema nesse país. Descaso, omissão, falta de comprometimento são apenas alguns dos fatores que movem os nossos governantes quando o assunto é a dependência química. É comum vermos a cada dia a midia nos abastecendo de informações do sofrimento social das pessoas e das familias; o crescente risco à segurança, o crescimento da delinquência e da morte prematura de jovens vitimas desta peste e, principalmente, da omissão dos responsáveis por ações efetivas a curto e médio prazo.

E aí neste momento aparece essa senhora posando de HEROÍNA, é mesmo comovente!!!

Como escrevi na postagem anterior a droga se instalou na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes pedindo socorro. E precisa tudo isso? E as cracolândias das principais cidades ja não são suficientes?  Elas aparecem na midia há mais de 20 anos, e até agora não houve nenhum governante que tivesse resolvido o problema. Sabem muito bem falar do assunto, prometer mudanças, mas depois de eleitos demonstram que o descaso é o mesmo e tudo continua igual.

Tá na hora de mudar, Brasil.

E vamos ao debate!

Abraços,

Psicólogo Dionísio


Ainda sobre o assunto podemos ler na coluna de Augusto Nunes o que segue:

“Em entrevista à emissora de rádio JM, de Uberaba (MG), Dilma Rousseff discutiu as políticas públicas para enfrentar o consumo de uma das drogas que mais atingem os jovens”.


A Pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, consultora da ONU para a política de combate a drogas ilícitas, deu sua receita revolucionária contra o crack, disponível em seu próprio site.

Dilma: “A nossa proposta ela conjuga, eu vou te falá as diretrizes dela. Eu sintetizaria procê em autoridade, carinho e apoio, né? É, é, autoridade, carinho e apoio”

Aos jovens já viciados, ela propõe a política mais ousada de seu programa antidrogas:

Dilma: “Esse ocê tem de impedi que ele entre e ao mesmo tempo aquele que entrou tem de puxá”.

Segue o comentário do autor sobre o episódio: o Impedir que o já viciado entre no vício me parece um pouco contraproducente. Mas a dúvida maior é esta: puxá o quê? Fumo, cadeia? Desconfio que Dilma também não seja craque nesse assunto. E esteja confundindo política de droga com droga de política.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente... Agora falar do crack virou modinha e com certeza vai ser o assunto mais badalado na campanha política.. No entanto nossos politicos não estão preocupados com o problema em sim, mas com os votos que o problema garante quando é imensamente discutido na midia.

Fernanda Costa disse...

Oi Dionísio
Ainda esse ano, eu presenciei uma entrevista no Fantástico, demonstrando essa questão do desinteresse da política em relação as drogas. Uma profissional que trabalha numa comunidade terapêutica em Brasília, falou que se faz muitas campanhas como gripe (H1N1) e como dengue no Brasil inteiro, mas com relação as drogas, que também é uma questão de risco a saúde não é feito nada, há anos é isso. E é exatamente o que você esta demonstrando no blog.
Interessante o foco da política em relação ao tema drogas. Percebo que não há nenhum conhecimento realmente do assunto da parte deles (Dilma), e que parece-me ser apenas como alvo atrativo na campanha para as eleições. Ótimo a sua postura, precisamos cada vez mais de orientação e profissionais dedicados ao assunto.
Conte comigo
Abraços
Fernanda