terça-feira, 30 de agosto de 2011

Por que é tão comum a convivência de artistas com drogas e álcool?

Especialista afirma que o consumo muitas vezes e motivado pela ilusão de que a droga poderá dar sensação de liberdade ou facilitar processo criativo

A morte prematura da cantora Amy Winehouse despertou a curiosidade sobre o fato de tantos artistas se perderem no consumo exagerado de álcool e outras drogas. Os motivos que levam à dro...gadição vão muito além de simplesmente uma facilidade maior de acesso ou a curiosidade por experiências de relaxamento e excitação. Segundo o psicólogo Dionísio Banaszewski, que trabalha há mais de 20 anos no combate ao uso de drogas e álcool, os dependentes químicos são, em geral, pessoas de uma sensibilidade muito grande e que não têm estrutura emocional para lidar com algumas situações da vida. “O consumo de substâncias acaba servindo como suporte para esse enfrentamento”, diz o especialista.

O psicólogo lembra que todos se referem a alcoólatras, por exemplo, dizendo: “Ele é tão bom, pena que bebe!”. A frase, segundo Dionísio, é uma demonstração de que a droga representa, para o dependente, o suporte para enfrentar as realidades da vida.

A negação a qualquer tipo de ajuda é uma das principais características do comportamento do dependente. Na música mais conhecida de Amy Winehouse, “Rehab” (Reabilitação), a artista cita que não precisa de internação, e sim de um amigo que lhe dê a mão. De acordo com Dionísio Banaszewski, nessa fase de intoxicação de um dependente químico, é difícil para ele ter a clareza e a autocritica suficiente para decidir sobre o melhor caminho. Por isso, é recomendável uma atitude firme das pessoas que convivem com o dependente, para ajudá-lo a ter uma percepção clara dos fatos. “Fica claro, na música, que a negação vai além da sua relação com a droga, mas também atinge sua relação consigo mesmo, seus sentimentos... e com sua própria vida”, explica o psicólogo.

A história tem mostrado quantos ídolos se perdem nas mesmas situações de Amy Winehouse, tanto lá fora como aqui mesmo, no Brasil e até no Paraná. Casos como Elvis Presley, Kurt Cobain, Janis Joplin, Raul Seixas, Elis Regina, o paranaense Ivo Rodrigues do grupo Blindagem, são exemplos de sensibilidade extrema que o mundo perdeu em mortes prematuras. Por outro lado, salienta Dionísio, há casos emblemáticos também de artistas e celebridades que acordaram ou foram acordados a tempo de buscar socorro. É o caso do comentarista esportivo Casagrande, o ator Fábio Assunção, e do compositor e cantor Eric Clapton, que chegou a construir uma comunidade terapêutica para tratar de dependentes químicos e escreveu o livro “Eric Clapton – autobiografia”. “Recomendo muito a leitura desse livro, pois o autor relata a realidade da dependência física, conceituando-a a partir de sua própria experiência”, diz o especialista.

É comum que os usuários se neguem a perceber a doença. Nesses casos, é importante que alguém de sua convivência o alerte sobre a importância de tratamento e acompanhamento psicológico. Dionísio Banazsewski lembra ainda que a família também deve buscar orientação e tratamento, muitas vezes antes mesmo da abordagem do próprio usuário de substâncias psicoativas. “Nunca devemos desistir de um dependente químico. Sempre existe uma possibilidade de salvação. Mesmo que ele não se recupere, não vamos pagar pela omissão”, conclui o psicólogo.



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*Matéria originalmente publicada no Grupo do Facebook "Psicologia na Dependência Química", participe!


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