segunda-feira, 7 de novembro de 2011

DROGAS: PODER PÚBLICO DEVE INVESTIR MAIS EM PREVENÇÃO DO QUE EM REPRESSÃO, DEFENDE ESPECIALISTA

Psicólogo alerta que as drogas estão em todas as classes, mas que os governos não atendem quem mais precisa – a periferia
“Dependência química é a doença mais democrática que existe. Pena que as autoridades não agem com a mesma democracia no combate e prevenção.” Com esta declaração, o psicólogo Dionísio Banaszewski, especialista na orientação, prevenção e combate ao uso de drogas, alerta para a importância de uma presença maior do poder público nas políticas de prevenção e combate às drogas, principalmente nos bairros mais pobres das cidades.
As drogas estão cada vez mais presentes em todas as classes sociais. Jovens ricos e pobres, de escolas particulares e públicas, são seduzidos a cada dia pelo tráfico e se envolvem com o uso de drogas lícitas e ilícitas. Mas quem mais sofre os efeitos desse alastramento são os mais pobres, segundo denuncia o especialista. “O sofrimento com as drogas é generalizado: famílias se desestruturam, a violência se espalha... Mas o problema é ainda mais sensível nas populações menos assistidas, porque boa parte das ações preventivas e de orientação não chegam até a periferia”, argumenta.
O especialista denuncia que o poder público, nas suas mais diversas esferas (federal, estaduais e municipais) ainda age muito no combate e pouquíssimo na prevenção ao uso de drogas. “Antes de ser um problema de polícia, as drogas são um problema social e cultural” comenta. “E o que primeiro chega às classes mais desassistidas é a repressão”, analisa. Dionísio defende que a melhor arma para se evitar o uso abusivo de álcool e drogas é a informação.
“Infelizmente, os dois últimos lugares a que chega o dependente químico são a Justiça e o psicólogo, quando deveria ser o contrário”, compara. Quando chega à Justiça, o dependente já cometeu algum tipo de delinquência que o levou às mãos da polícia. Se houvesse um trabalho preventivo, a violência não se instalaria, de acordo com a visão de Dionísio Banazsewski. Da mesma forma, a preparação psicológica deveria ser preventiva e para toda a família. “Infelizmente o que a gente vê são autoridades e profissionais envolvidos na questão falando em recuperação do usuário, sem sequer discutir a questão da prevenção. O trabalho preventivo é o único que pode, de fato, promover uma mudança cultural que leve à redução do problema social das drogas”, conclui o especialista.


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