Especialistas alertam que novela
ameniza o tratamento e pode iludir doentes e familiares. “O assunto deveria ser
tratado de forma mais aberta!”
(Adriane Werner - Assessoria de Imprensa)
Seguidamente,
filmes, novelas e livros trazem personagens enfrentando o problema do
alcoolismo. Se, por um lado, isso é extremamente positivo para chamar a atenção
da sociedade para o problema, por outro, pode ser preocupante se o assunto for
tratado de maneira superficial. Na atual novela das 21h da rede Globo, “Em
Família”, por exemplo, o personagem Felipe (interpretado pelo ator Thiago
Mendonça) convive com o alcoolismo desde a adolescência e agora, na idade
adulta, o problema tornou-se ainda mais grave ao afetar sua atuação
profissional.
O psicólogo
Dionísio Banaszewiski, que trabalha há mais de 20 anos com orientação,
tratamento e combate ao uso de drogas e álcool, alerta para os pontos positivos
e negativos da abordagem da novela. Segundo ele, que atua em parceria com a
Clínica Quinta do Sol, em Curitiba, o ponto mais positivo é a coragem de tratar
do assunto. “O fato de o álcool ser uma droga socialmente aceita torna o
enfrentamento da questão muito mais difícil. Quando a novela expõe o tema, a
sociedade passa a ver com olhos mais preocupados e isso é muito bom”, diz.
O médico José
Carlos Vasconcelos, diretor da Clínica Quinta do Sol, levanta outro ponto
interessante da abordagem na novela: levantar a questão do problema do
alcoolismo entre os médicos. “É um problema crescente entre profissionais da
saúde. Nos últimos anos temos percebido um aumento sensível no número de
médicos que acabam também caindo no vício do álcool”, afirma o médico.
Por outro lado,
a evolução do personagem na trama foi feita com alguns equívocos em relação ao
enfrentamento do alcoolismo. Por exemplo: desde o início da novela, Felipe já
tinha problemas com o álcool, quando era adolescente, mas a família não parecia
ver ou se preocupar com isso. Agora, quando ele já é adulto e enfrenta inúmeros
problemas por causa do alcoolismo, o assunto parece ser tratado de maneira
simplista. “Não sabemos quanto tempo ele ficou internado, a novela dá a
impressão de que foi um período curto. Depois da internação, ele apareceu
várias vezes abraçado a uma garrafa de vodca que escondia na cama – uma relação
doentia que precisa ser enfrentada com rigor. E agora ele tem convivido com
outros personagens que o provocam o tempo todo para beber – ora, não seria
interessante que tentassem ao menos poupá-lo?”, questiona o psicólogo Dionísio.
Igualmente questionável,
segundo os dois especialistas, é o fato de as bebidas alcoólicas estarem
presentes em praticamente todas as situações sociais da obra de ficção. Há
outros personagens alcoólicos – como Viriato (vivido pelo ator Antonio Petrin),
pai da polêmica Shirley. Aliás, ela mesma está sempre tomando champanhe. O
advogado Nando (Leonardo Medeiros) também tem bebido além da conta. A médica
Silvia (Bianca Rinaldi), a fotógrafa Marina (Tainá Muller) e a assistente
Vanessa (Maria Eduarda de Carvalho) já vivenciaram escândalos em cenas em que
ficam bêbadas na novela. Tudo isso, segundo o psicólogo Dionísio, reforça a
ideia de a bebida ser socialmente aceitável e de que os problemas são amenos –
e não são. “O álcool precisa ser visto como algo perigoso, comparável a outras
drogas e que também provoca dependência. As obras de ficção poderiam fazer um
bom papel social ao abordar o tema de forma mais crítica”, argumenta
Vasconcelos.
SOBRE A CLÍNICA QUINTA DO SOL
A Clínica Quinta do Sol está instalada
em Curitiba e há mais de 30 anos se dedica ao tratamento contra a dependência
química e o alcoolismo. A clínica atende a pacientes de todo o país e conta com
profissionais de saúde especializados no tratamento da drogadição, como
médicos, psicólogos e enfermeiros, entre outros.
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