quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PROIBIÇÃO DE VENDA DE BEBIDAS A MENORES DEVE INCLUIR MUDANÇA CULTURAL

Psicólogo lembra que é preciso cobrar firmeza das autoridades, mas também atuar junto a organizações, escolas e principalmente as famílias

Vender bebidas alcoólicas a menores de idade é proibido, mas a pesquisa do Ibope publicada nesta semana mostra que adolescentes não têm a menor dificuldade em comprar e consumir bebidas em locais públicos. Quase metade dos jovens (49%) relata que é levada a beber por influência dos amigos, e a família aparece como segunda maior responsável. Para combater o problema, é necessário envolver instituições de trabalho, religiosas, sociais e a própria família. Esta é a linha de pensamento defendida pelo psicólogo Dionísio Banaszewski, que trabalha há mais de 20 anos no combate à dependência química. “Sem o envolvimento de toda a sociedade, não será possível encarar o problema”, salienta o especialista.

O fato de a bebida alcóolica ser muito aceita socialmente é um dos problemas que levam ao alcoolismo, segundo o psicólogo. Não é de hoje que se sabe que o consumo de álcool não deve ser facultado a crianças e jovens. O psicólogo Dionísio lembra que, 500 anos Antes de Cristo, o filósofo Platão já alertava para os riscos do consumo precoce de bebidas.

O especialista alerta que a mudança de comportamento precisa começar na família, que deve evitar a iniciação ao consumo pelos jovens. De acordo com o psicólogo, falta também fiscalização para que, de fato, os jovens não tenham acesso ao álcool. “Não é difícil fiscalizar. Diversos países, inclusive o nosso vizinho Chile, conseguiram grandes avanços a partir da fiscalização rigorosa”, explica. “O Estado não pode ser omisso como tem sido. O problema não está sendo tratado como deveria. Não há regras rígidas, como horários de veiculação de propagandas”, exemplifica o psicólogo.

Dionísio defende que as propagandas não tenham apelo voltado a questões como virilidade, conquistas sexuais, sensualidade, pois a ligação desses temas é um incentivo subliminar ao consumo. “A ideia do consumo de bebidas é ligada à imagem de sucesso e popularidade, como se os consumidores pudessem se transformar em pessoas mais viris e de maior sucesso a partir do consumo”, critica.

Uma das situações em que os governos deveriam agir de maneira mais firme, segundo o especialista, é em relação ao consumo de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis. “Os postos se tornaram pontos de encontro de pessoas que vão ali para beber, inclusive muitos dirigindo automóveis. Mesmo com a lei que proíbe o consumo de bebidas dentro dos postos, a situação continua preocupante. Há placas de alerta falando da proibição, mas, mesmo assim, o consumo rola solto na maioria dos estabelecimentos - inclusive por menores - pois não há fiscalização”, aponta o psicólogo. A lei, segundo Dionísio, deveria responsabilizar os donos dos estabelecimentos, como já acontece na Austrália, por exemplo.

O psicólogo defende o que chama de “choque de gestão” que envolva a sociedade com seus organismos públicos e privados. “Somente com a ampla discussão e análise do tema é poderemos ter resultados a médio e longo prazos. Não adianta o Estado combater apenas as drogas ilícitas e mais letais, sendo que o problema se inicia, via de regra, em rodas sociais e até dentro de casa, quase sempre pelo álcool”, afirma.







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